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Emanuel Swedenborg - História do Espiritismo - Parte I
Independentemente de o(a) leitor(a) aceitar ou não a hipótese de a vida continuar após a morte do corpo físico, se fizer o exercício de aceitar academicamente essa possibilidade, achará por certo lógico que essa realidade sempre tenha existido, ou seja, partindo do principio que continuamos vivos após o fenómeno natural da morte, isso sempre terá ocorrido e não só após estudarmos o tema.
Como analogia vamos buscar o caso da gravidade. A gravidade sempre existiu, mas só em 1687 foi descrita pela primeira vez por Isaac Newton.
Pois muito bem, desde a pré-história o homem tem formado as mais diversas crenças e teorias sobre o que ocorrerá após a morte, mas só com o espiritismo no século XIX se iniciou um estudo sério e metódico sobre o tema.
No entanto, existem alguns casos dignos de estudo anteriores ao nascimento da Doutrina Espírita, alguns deles são hoje considerados como precursores do espiritismo.
Emanuel Swedenborg é um dele.
Nascido em Estocolmo no ano de 1688, viveu grande parte da sua vida em Londres, sendo um homem muito culto e respeitado na época, foi engenheiro de minas, uma autoridade em Metalurgia, Zoologia, Anatomia, Física e Astronomia.
Em 1745 manifesta-se médium e ficou famoso o caso Gothenburg onde descreveu com enorme exactidão um incêndio que estava a decorrer em Estocolmo a de 500 milhas de distância de onde se encontrava num jantar com 16 pessoas que serviram de testemunhas (500 milhas são aproximadamente 805 quilómetros)
De referir que o conhecido filósofo Immanuel Kant terá ficado tão impressionado com este e outros relatos fora do comum atribuídos a Swedenborg que chegou a investigar os mesmos.
No momento em que escrevo este texto são poucas as informações que disponho sobre estas investigações de Immanuel Kant, mas se obtiver mais conhecimento sobre o tema voltarei a escrever sobre o mesmo.
Para já, o que ressalta das conclusões a que Kant chegou é que estas aparentes capacidades de Swedenborg seriam somente uma ilusão, escrevendo até um livro satírico sobre as faculdades de Swedenborg intitulado Traume eines Geistersehers (em português - Sonhos de um Espírito Vidente), no entanto não conseguiu uma explicação científica para a descrição em tempo real e perante tantas testemunhas isentas, de um incêndio a tantos quilómetros de distância, incluindo hora de inicio e de fim do incêndio, as áreas afectadas, chegando ao ponto de descrever as casas nas imediações da sua própria casa que estavam a arder e a mostrar-se aliviado ao relatar que o incêndio estava dominado e a sua casa tinha sido poupada por pouco (o que se revelou correcto uns dias depois quando as noticias chegaram).
Relembro que na época não existiam as tecnologias de hoje em dia e as noticias demoravam o seu tempo para chegar a outros locais.
Para além deste caso mais mediático, através das suas capacidade de vidência Swedenborg descreveu o mundo espiritual indicando a existência de várias esferas distintas, onde espíritos em diferentes estádios de evolução viveriam, ou seja, os espíritos viveriam na esfera que se adequava à sua condição espiritual.
Nessas visões descreveu edifícios, auditórios, templos, uma organização bastante complexa, mais avançada do que a realidade em que vivemos, parecendo a nossa uma cópia muito imperfeita dessa realidade na espiritualidade.
Curiosamente esse tipo de descrição passou a ser abundante bastantes anos depois em várias obras psicografadas que abordaremos em futuras oportunidades.
Infelizmente, por falta de metodologia, estudo do fenómeno, validações e talvez algum deslumbramento, Swedenborg acabou por criar uma crença envolta em fascinação, absurdos e desprovida de lógica.
Ainda assim, tem o seu valor histórico e os fenómenos a si atribuídos, mais tarde tão bem explicados e desmistificados pelo espiritismo, merecem destaque enquanto precursor da Doutrina Espírita.
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