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Ter alguns conhecimentos de espiritismo é útil porquê?
Uma das características do espiritismo é o facto de não ter como objectivo fazer adeptos.
Algumas religiões ou filosofias espiritualistas defendem que quem não acredita e segue o que professam está perdido, não só não alcança o privilégio de viver eternamente num paraíso, como ainda se arrisca a ir parar a um local terrível e cheio de dor para toda a eternidade.
O espiritismo como filosofia racional que é, não aceita a existência de céu, inferno, purgatório e similares, além disso, os espíritas não acham que são detentores da verdade absoluta, por outras palavras, não achamos que só nós estamos correctos e todos os outros estão equivocados.
Ao contrário, uma das bandeiras do espiritismo é:
"Fora da caridade não há salvação"
Obviamente esta frase surgiu numa clara alusão ao que é defendido por algumas religiões, algo como:
"Fora da igreja não há salvação".
O espiritismo defende que perante a possibilidade de existir algo mais para além da vida material que nos é familiar, o estado de felicidade ou infelicidade em que nos encontraremos do lado de lá da vida não estará por certo associado ao facto de termos sido ateus, agnósticos, seguidores da religião x ou y, ou da filosofia espiritualista xpto (espiritismo incluído), mas sim directamente ligado ao facto de se fomos genuinamente bons ou não.
Estas ideias serão mais desenvolvidas em futuros textos, no entanto e para já realço que a frase fora da caridade não há salvação não se refere à caridadezinha da moeda ao sem abrigo, ou da doação feita perante os holofotes dos outros, por forma a passar uma imagem de superioridade moral, não!
Mas voltando ao tema do artigo:
No espiritismo defendemos que sobrevivemos à morte do corpo físico, no entanto ao chegarmos ao lado de lá da vida não passamos a ser uns santos, nem passamos a saber tudo, ou seja, quando eu morrer o meu eu espiritual continua a ser exactamente o mesmo que sou, continuo com os mesmos defeitos, qualidades, conhecimentos adquiridos e até mesmo as mesmas crenças que tenho, etc.
Mas então se não temos objectivo de fazer mais adeptos e ainda por cima não achamos que o facto de ser espírita seja essencial à felicidade no mundo espiritual, porque é útil ter conhecimentos de espiritismo, mesmo não sendo espírita?
Vejamos:
Se não existir nada após o momento da morte, está resolvido, certo? É o nada, nem sequer temos consciência de que morremos pois deixámos de existir.
Mas se existir vida após a vida e se as informações que o espiritismo tem vindo a recolher desde 1857 forem correctas, deixamos de estar vivos do ponto de vista da biologia física, mas adentramos num mundo novo do qual não temos informação, sentimo-nos confusos e pode ser uma adaptação demorada e até algo dolorosa.
Vou tentar explicar de forma mais clara através de uma analogia algo parva, mas sobre a qual tenho a esperança de ser útil na compreensão do que estou para aqui a falar.
Vamos imaginar que nunca fomos à muralha da china (a mim não me custa nada imaginar, porque de facto nunca fui 😂😂), no entanto, mesmo sem nunca lá ter estado, ao ver uma fotografia como a que está no inicio deste artigo, por ser um monumento tão conhecido, reconheço-o.
Então, neste exercício de imaginação, vamos imaginar duas pessoas que nunca foram à muralha da China, mas uma nunca foi e já viu várias fotografias, leu sobre o tema, viu documentários na televisão ou na Internet, conseguindo identificar o local ao ver a foto que está no inicio desta publicação.
A outra, nunca foi, nunca viu nenhuma fotografia, nada, para este a muralha da China não existe, nunca ouviu falar, nada.
Se numa hipotética experiência parva, fossem aplicadas aos dois uma injecção de surpresa com um químico para dormir, transportando-os durante o sono até à China e deixando-os a dormir confortavelmente num qualquer ponto da muralha, quando o químico deixasse de fazer efeito e ambos acordassem, num primeiro momento os dois iriam ficar muito confusos.
Algo como, onde é que eu estou? Como vim aqui parar? Que local é este? Etc.
Com uma diferença, pois aquele que já tinha visto documentários e fotografias sobre a muralha da China, rapidamente se iria aperceber de onde estava.
Epá, isto parece mesmo a muralha da China, mas tu queres ver que estou aqui?!
Desculpem a ideia estapafúrdia que passei nestas linhas, mas é mais ou menos a mesma coisa, ou seja, o facto de ter alguns conhecimentos gerais sobre espiritismo mesmo sem ser espírita, pode vir a ser-lhe muito útil.
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