Todos podemos ser Divaldo's ao nosso tamanho

 

Todos podemos ser Divaldo's ao nosso tamanho

 
Ontem tive a felicidade de estar presente no que aparenta ter sido a última palestra de Divaldo Pereira Franco em Lisboa.

Sou um privilegiado por ter perdido a conta às palestras e seminários que consegui assistir ao longo dos anos, mas comparado com 1998, ano em que tive a oportunidade de assistir a uma palestra sua pela primeira vez, nota-se agora uma grande fragilidade na sua condição física, o que não será de estranhar com os seus 95 anos e meio de existência nesta vida... no entanto mentalmente continua um atleta de primeira.

Como sempre, percorreu uma infinidade de assuntos, datas, detalhes e análises profundas nos mais diversos temas e com uma fluidez desconcertante, mas mais importante do que isso, é a sua capacidade de tocar a todos os presentes individualmente, capacidade de motivar, abordar assuntos sérios com humor e desafiar cada um a fazer uma auto-análise, a agir na direcção do bem comum, da evolução e da felicidade.

Ontem o que mais me tocou foi o raciocínio desenvolvido à volta do flagelo da depressão, de onde ressalto:
Com a mente vazia, o diabo faz croché!
Obviamente, o espiritismo sendo uma filosofia racional não acredita na existência do diabo, no entanto o sentido da frase é bastante elucidativo.  

Uma boa ideia para lutar contra a depressão (de forma activa ou preventiva), é mesmo a ocupação edificante.

Por muito mal que estejamos, existem sempre outras pessoas em pior condição e que podemos/devemos ajudar, ou no limite, na mesma condição o que dá a oportunidade de ajuda mútua.

E não se trata de dinheiro, mas sim ajudar com palavras, com trabalho, com educação, com um abraço, com o calar de uma calúnia, todo o tipo de ajuda é necessária à nossa volta.

Assim, não querendo endeusar o Divaldo, mas também não cometendo a ousadia de nos compararmos de igual para igual para com ele, nem à imensa obra assistencial que criou e manteve ao longo da sua vida, ocorreu-me escrever este texto na tentativa de nos fazer abanar os alicerces onde o nosso ser se apoia adormecido na rotina do dia a dia.

É urgente agir.

No lugar de coleccionar problemas (que todos temos) e contar aos outros quando existe oportunidade de os mostrar, apostemos em ajudar a aliviar os problemas dos outros.
 
Tem tanto por onde escolher: 
 
  • Voluntariado num hospital, alimentar sem-abrigo, fazer compras para os seus vizinhos idosos, associações de apoio a animais, etc.
  • Modifique-se na privacidade do lar, comece a mudar o mundo arrumando as suas coisas, mostrando-se genuinamente afável para com quem partilha a vida, dê-lhes atenção, tente entender o ponto de vista do outro.
  • Divulgue o espiritismo, faça-se útil na associação espírita que frequenta, enfim tantas hipóteses edificadoras em tantos contextos distintos... ajude-se no acto de ajudar.

Ao ocuparmos a mente no alivio dos problemas dos outros, sem querer estamos a ajudarmo-nos também a nós próprios, mantendo longe da nossa consciência futilidades que aos poucos se podem transformar em grandes problemas.

Na pequenez do nosso tamanho, todos podemos ser Divaldo's para com os que nos rodeiam.
Opinião
30 novembro
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