O divórcio na visão espírita

 

Foto de Kelly Sikkema na Unsplash


Algumas denominações religiosas são frontalmente contra o divórcio, outras são contra de uma forma mais dissimulada.

De todas elas, as religiões cristãs na sua maioria baseiam essa visão na seguinte passagem bíblica:

"Portanto, o que Deus uniu, ninguém o separe" - Mateus 19:6

O espiritismo (ou doutrina espírita), não é uma religião, mas como a maioria das pessoas foi educada de acordo com uma corrente religiosa, ou no mínimo, inserido numa sociedade onde muita da organização tem uma base religiosa, é relativamente normal existir esta dúvida:

Qual é a visão espírita sobre o divórcio?

Para obter uma resposta clara e sem cair no achometro, o melhor será consultar a obra básica, assim, na pergunta 697 de O Livro dos Espíritos lemos o seguinte:

"697. A indissolubilidade absoluta do casamento pertence à lei natural ou apenas à lei humana?​

É uma lei humana muito contrária à lei natural. Mas os homens podem modificar as suas leis,​ somente as naturais são imutáveis."

Os espíritos superiores em resposta à questão colocada por Allan Kardec foram muito claros, a indissolubilidade do casamento é algo que os homens criaram e nas suas palavras, é muito contrária à lei natural.

Mas se dúvidas restarem, no livro O Evangelho Segundo O Espiritismo, capítulo XXII, ponto 5, encontramos a seguinte sentença:

"5. O divórcio é uma lei humana, cuja finalidade é separar legalmente o que já estava separado de facto."

E se pensarmos bem, de facto é verdade! Não conheço ninguém que se tenha divorciado de ânimo leve ou com alegria... e sim, é um acto legal que só traduz para o papel a separação que já tinha ocorrido de facto.

Obviamente que o espiritismo não defende o divórcio como sendo algo positivo, mas muitas vezes é o mal menor! 

Acreditamos que muitos dos relacionamentos não acontecem por acaso, existe um propósito para aquelas duas pessoas estarem juntas (seja uma prova, uma expiação, ou simplesmente porque escolheram apoiar-se mutuamente nesta existência), mas dentro da lei do esquecimento imposta naturalmente quando reencarnamos, se aquelas duas pessoas não se estão a dar bem e com isso estão a adquirir débitos futuros, mais vale cada um seguir a sua vida separadamente e de certeza no futuro terão oportunidade de resolver o que estiver pendente.

Basicamente a visão espírita sobre o divórcio é muito idêntica a inúmeras outras coisas na nossa existência, a saber:

Máxima liberdade, mas com isso, máxima responsabilidade, como aliás também está bem explicito na Bíblia:
"Tudo nos é permitido, mas nem tudo nos convém" - 1 Coríntios 6:12

Tudo requer equilíbrio e ponderação, se mais tarde chegarmos à conclusão que tomámos a opção errada, o importante é não carregar culpas, fazer o bem em todos os âmbitos e oportunidades na nossa vida, o resto vai-se resolvendo e corrigindo 😉

Allan Kardec
27 setembro
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